Neste álamo sombrio, aonde a escura
Noite produz a imagem do segredo;
Em que apenas distingue o próprio medo
Do feio assombro a hórrida figura;
Aqui, onde não geme, nem murmura
Zéfiro brando em fúnebre arvoredo,
Sentado sobre o tosco de um penedo
Chorava Fido a sua desventura.
Às lágrimas a penha enternecida
Um rio fecundou, donde manava
D’ânsia mortal a cópia derretida:
A natureza em ambos se mudava;
Abalava-se a penha comovida;
Fido, estátua da dor, se congelava.
Dicionário:
Álamo; Choupo (árvore ).
Arvoredo: conjunto de árvores em uma região local.
Zéfiro: vento que sopra do ocidente / és a personificação mitológica desse vento.
Idílica: termo referente a algo suave, maravilhoso.
ANÁLISE :
No soneto acima, dispõem-se elementos para um quadro que poderia ser bucólico: ( álamo, arvoredo, Zéfiro, pastor, natureza). No entanto eles não configuram de fato o "lugar ameno" , a tranqüilidade idílica, como vemos na poesia pastoril praticada no século 18 europeu. Por sobre tais elementos cai a sombra da melancolia do pastor Fido. Afinal, o álamo é sombrio, o arvoredo é fúnebre, e não se ouve nenhum gemido de um suave zéfiro na escura noite. O ar está parado, como que petrificado, talvez porque nele esteja sendo gestada a imagem do segredo, conforme a expressão do poeta. Mas que segredo é esse? Para tentar responder a essa pergunta, é necessário insistir na imagem do pastor melancólico. Em vez de tomar parte na confraternização com a natureza, na sociabilidade amena entre os pastores, ele aparece recuado e solitário.
Créditos : ao integrante Tiago
O soneto acima tem uma linguagem complicada , que interferiu no meu entendimento sobre a obra , a análise não deixou muito claro oque queria dizer .
ResponderExcluirPara muitos este soneto seria o mais importante do autor.Parece ser bucólico com o Tiago disse que é uma das características do arcaísmos que é uma vida no campo ,só que apresenta uma certa angustia e sofrimento .
ResponderExcluirEu dei uma pesquisada mais não sei se seria verdade e estou em duvida ,que parece que ele é dividido em 3 séries .
O soneto publicado pelo nosso amigo Tiago estar bem fácil de compreender, fala de uma das características Do arcadismo que é a vida no campo. Bem prático ele colocar depois do soneto os significados de algumas palavras que não estão presentes em nosso dia a dia, para podermos compreender melhor o soneto.
ResponderExcluirO bucolismo está presente por todo o soneto, a linguagem não sendo atual, dificulta muito no entendimento do texto. Há também uma profunda melancolia, nela encontramos um pasto observando a natureza tristemente.
ResponderExcluirO arcadismo demonstra a beleza do clássico e ela também é possível ser encontrada em momentos tristes.
"nela encontramos um pastor* observando a natureza tristemente.
ResponderExcluirEsse é um dos cem sonetos que formaram a primeira parte das obras de Claudio Manoel , publicadas em 1768, em Coimbra. Essa produção foi significativa para muitos críticos, pois Claudio Manoel possuía três series para diferenciar seus sonetos, a primeira trata-se das angustias amorosas e a morte de Fido (o pastor), a segunda trata-se do dilema rustico-civilizado e a terceira que trata-se da mudança e tristeza das coisas em relação aos estados de sentimento. O soneto XXII está incluso na primeira série.Nesse texto o autor passa uma ideia de que tudo está mudando para ruim, que algumas coisas boas estão se derretendo e outras congelando, como se o mundo se desfizesse.
ResponderExcluirNele vê se presente um pouco de admiração a natureza
Neste texto parece estar presente o locus amoenus, que é a natureza aprazível e delicada, acredito que essa seja uma das principais características desse texto. Além dessa ser uma característica fortemente presente no arcadismo. Este texto ocorre em um cenário rural, que é mais uma de suas características.
ResponderExcluirMuito bem, pessoal.
ResponderExcluirGente, arcadismo é diferente de arcaísmo. Cuidado!
Letícia, você não está mais neste grupo?