segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Culto Métrico: Cláudio Manoel da Costa

ROMANCE HENDECASSÍLABO

Se alguma vez, Euterpe soberana,
De teu métrico influxo a fértil veia
A meu ardente rogo áureas enchentes
Do licor desatou, que o monte rega, 

Generosa ambição hoje ocupando
O mais nobre desejo tanto empenha
A Deidade imortal, que em ti contemplo
Que é meu o assunto, sendo tua a empresa. 

Repara, advertes aquele excelso Trono, 
Em cuja adoração parece ajoelha
Reverente o respeito em tantos Astros,
Que igualmente o iluminam, como o cercam. 

Desafiando a esplêndida morada
Desse brilhante campo das Estrelas, 
Imagino que intentam seus fulgores 
Ser em quadros de luz do Sol esfera.

Essa pompa que vês, esse aparato 
Enobrece a Deidade mais excelsa, 
Heroína imortal, eterno lustre 
Da sagrada seráfica obediência. 

Aquela, em cujos dotes mais que em 
todas Pródiga dispendeu a natureza
Privilégios, que mais se imortalizam
Na admiração do mundo, que os celebra. 

Aonde a discrição tão igualmente  
À formosura se une, que puderam
Equivocar-se da razão os triunfos 
Com os troféus, que alcança a gentileza. 

Por obsequiosas vítimas, atende
Verás a seu império ardendo acesas
Vivas porções de agrado disfarçadas 
Nas imagens de humilde reverência.

Vê como em uniforme laço atadas
Uma, e outra vontade as leis observam,
Que no escrutínio dos afetos votam 
As persuasões do gosto mais discretas. 

Não domina a paixão; porque o acerto 
Nos méritos, que o sacro objeto ostenta,
Os créditos procura, e autorizada 
Inda a mesma eleição a si se eleva. 

Não entendas que a hipérboles, ó 
Musa, Avulta mais o empenho; a glória imensa 
De tão sublime assunto é bem que advirtas, 
Quando, pelo impossível, não compreendas. 

É esta aquela Heroína, que nas sombras
Do desprezo apagando a sacra teia 
De Himeneu, com zelosa vigilância
O casto Lume conservou de Vesta.

Da vaidade nas lâminas, que pinta
Do engano a pluma, vendo como cega 
Idolatra a vontade os precipícios,
Do mundo as loucas ambições despreza.

A Figueiró teatro fez, aonde 
De seus acertos a espaçosa idéia
Em religioso culto se estendesse, 
Se dilatasse em exemplar prudência. 

Da idade os vôos quando mais ativos,
Medindo os passos de mais larga esfera, 
Do desafogo a impulsos se desatam,  
Rêmoras.ao desejo era a modéstia.

De uma e outra virtude foi lavrando
O pedestal, em que de tantas prendas
A imagem singular se colocasse 
No altar da fama ídolo da Inveja.

Assim crescendo assombro, assim banhando 
De resplendor benéfico inda as mesmas 
Liberdades, agora vê rendidas 
As que de Amor ao jugo viu já presas. 

Com sujeição gostosa vão prostrando 
Os alvedrios as porções secretas
Do mais livre exercício, porque nada 
A tanto império recatado seja. 

Ó raro assombro, ó ínclito transunto 
Daquelas, de quem sendo cópia bela, 
Para glória do emprego, que autorizas
Herdas o nome, e as virtudes herdas! 

Se a Teresa, se a Clara, em pio obséquio
Um claustro e outro as direções confessam: 
De Clara alentas o esplendor benigno,
Vivificas a imagem de Teresa.

Ó quanta glória, ó quanto bem, ó quanta
Ventura ao grato auspício de Abadessa 
Tão preclara, tão justa, e tão prudente
A Figueiró promete a eleição reta!

Vive; e o zelo ardentíssimo, em que abrasas 
O coração, às portas de ouro abertas 
Pela estrada do Olimpo te conduza
A cingir a Seráfica Diadema.

E tu, Musa, se a tanto assombro agora,
Muda, pasmas, por mais que a glória vejas, 
Sabe que, quanto intento a decifrá-la 
Tanto me dificulta o compreendê-la. 

Na ocasião do oiteiro se deu o seguinte mote:
Nova luz, novo sol, e novo empenho.  


SONETO

Régia ação, nobre acerto, eleição rara,
No ígneo Trono, áureo assento, culta esfera,
Vos teme, vos respeita, vos venera
Digno assunto, alta empresa, honra preclara.

Voto a fé, Templo o peito, o amor Ara, 
Rende grato, ergue amante, atento espera;
Pois vos vê, vos adverte, vos pondera 
Fiel Judith, Raquel bela, heróica Sara.

Viva pois, brilhe enfim, logre a vitória, 
Que a voz cante, honre a Musa, aplauda o engenho 
Nome eterno, igual fama, excelsa glória.
Sem sombra, sem eclipse, sem despenho
Doure o Céu, volva o plaustro, orne a memória 
Nova luz, novo sol, e novo empenho?


      Autor da Analise: Mayco Jhones Gomes de Souza

      Nestes poemas, encontramos cortejo pela vida, exaltação da fé e do amor. Difere-se do barroco devido à organização do texto. No barroco a exaltação da fé é muito bagunçada em relação ao arcadismo, arcadismo procura reencontrar a ordem e a beleza bucólica encontrada na antiguidade.
       Este texto conseguiu encontrar com perfeição o objetivo do arcadismo. Demonstran-do uma grandeza na vida, no amor utilizace termos como: Imortal e Deidade. Mostrando claramente o seu intuito.




8 comentários:

  1. O que pude entender nesses poemas que o autor ama a vida dele ,vive para exaltar a fé e o amor .De uma forma mas organizada que é uma característica do Arcadismo.

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  2. Como o Maycon já disse o autor preza muito o amor pela vida e exalta a fé de maneira mais clara,que é uma característica do arcadismo

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  3. O que eu conseguir compreender com esse texto é que o autor de um jeito honra sua vida o que também é uma das características do arcadismo.

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  4. Comecei a ler este texto com muita dificuldade pois o autor usou uma linguagem muito pesada em minha opinião, com o passar do texto fui percebendo algumas características do arcadismo como admiração da natureza e o amor que ele possui pela vida.
    "Pela estrada do Olimpo te conduza", adorei esta parte, pois ele cita o Olimpo, um monte bastante conhecido da Grécia pela sua localização, e é também conhecido pelo mito de ser a casa dos Deuses !

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  5. Pessoal, pesquisem mais antes de fazer os comentários. Vocês têm a liberdade de escolher os poemas. Há outros bem mais fáceis de analisar. Porém, já que escolherem esse, devem fazer uma pesquisa antes.

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  6. João Victor e Letícia, não vão comentar?

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  7. O autor tem características muito claras , ele exalta a fé e o amor.

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  8. O autor tem características muito claras , ele exalta a fé e o amor.

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