Gregório
de Matos foi um advogado e poeta, conhecido como ‘’Boca do
Inferno” ou “Boca de Brasa” pelas suas criticas à Igreja
Católica, e apesar do que muitos pensam, ele era católico. É
considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta
satírico no período.
Nasce
o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a
noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em
contínuas tristezas e alegria.
Porém,
se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por
que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o
gosto da pena assim se fia?
Mas
no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê
constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa
o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por
natureza.
A firmeza somente na inconstância.
O soneto acima,
escrito no século XVII,
composto por Metáforas (comparação
de palavras em que um termo substitui outro),
Paradoxos (oposto do
que alguém pensa ser a verdade ou
o contrário a uma opinião admitida como válida.),
sempre ligados à ideia de Antítese (quando se
opõem, na mesma frase, duas palavras ou dois pensamentos de sentido
contrário),
para expressar a brevidade de tudo.
‘Tudo
que é bom dura pouco”, mas o ruim também não dura tanto. Nada
dura para sempre. O soneto expressa constantemente as inconstâncias
das coisas, como tudo começa e como termina, nos faz até questionar
por que começar se terminará tão brevemente. Mas esquecemos que um
depende do outro, nunca reconheceríamos a felicidade, se não
conhecêssemos a tristeza. E assim acontece com os opostos, um não
existe sem o outro. E, no fim, a única certeza é a inconstância.
créditos: a analise sobre esse soneto foi feito pela integrante Letícia Nogueira .